Divisão de bens
No
começo, pensei que fosse eu. O tempo passou, pensei que talvez fosse
você. Não era eu, nem você.
Primeiro você reclamou das perguntas demais, depois da ausência de dúvidas.
Primeiro você reclamou das perguntas demais, depois da ausência de dúvidas.
Antes
me importava demais, depois, de menos.
Acho
que não tinha pelo que interessar-me. Tu me desafiavas, isso me
mantinha ligado.
Mas
faltava-lhe o ar, era o que me dizias. Abri a janela, reclamou do
frio.
Tomava-me
tempo descobrir o que querias, o que te agradava. Tanto tempo, que
cheguei a perder-me nos dias, nas minhas prioridades, meus desejos.
Por
isso, hoje tomei uma decisão. Ficarás tu com a vida dita real, com
pessoas reais, trabalho real, problemas reais. Afinal, tu sempre foi
melhor lidando com gente do que eu.
A
mim, caberá o mundo escrito, todas as histórias, fantásticas ou
não. Afinal, fantasia sempre foi meu forte.
Peço-lhe
apenas que tragas, de vez em quando, anotados incidentes que julgar
interessantes, que talvez possam servir de matéria prima para novas
histórias.
Separar
os caminhos é o melhor a ser feito. Pois, há muito que vivemos em
cabo de guerra para decidir que caminho trilhar.
Agora,
com tudo resolvido, vamos dormir. Você precisa levantar cedo e levar
este corpo ao trabalho, para trazê-lo ao fim da tarde, pois preciso
escrever.
Boa
noite.
Junior
Gros.
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