Caixa postal

Com o telefone nas mãos, teclei os números, cheguei a colocar o polegar sobre o botão para ligar, hesitei. Fiz isso umas três ou quatro vezes, até que, de olhos fechados, como que querendo parecer inconsciente, inconsequente, liguei.
 Tuuu... Tuuu... "Sua chamada foi encaminhada para..."
Não foi dessa vez que ouvi a voz dela novamente. Gosto da voz dela, tem um timbre doce, que transmite serenidade, ao menos quando está calma (nunca disse isso a ela, mas a voz dela ficava muito sexy quando estava irritada). Não que se trate de uma voz daquelas dignas das grandes cantoras, divas do rádio. Gostava de ouvi-la cantar. Gosto da voz feminina, não de todas, pois há aquelas que são um tanto, como diria minha avó, "ardidas aos ouvidos".
Tenho saudade, não apenas da voz, mas dela como um todo. Mas a voz, nossa, fico arrepiado só de lembrar, sobretudo daqueles momentos em que dividíamos o mesmo espaço, em que falávamos apenas um para o outro, mais ainda, nos momentos em que a voz parecia um sopro ao pé do ouvido. Algumas pessoas aprisionam pássaros em gaiolas, para ouvi-los cantar. Até que não seria má ideia. Não aprisioná-la, claro, isso é cárcere privado. Mas, acho que não haveria problema algum em tê-la gravado falando em algum momento. Onde estão os gravadores quando precisamos deles?


Junior Gros.

Comentários

Rosamaria disse…
Nossa Junior, muito bom!

Um beijo
Pollyana disse…
Lindo texto !!! Adorei! Voltarei sempre

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