Aquém de era uma vez


Plaft! A realidade esbofeteou-lhe a cara e repousou nas folhas abertas sobre a mesa. Um gole no café já frio, uma olhada no relógio, está atrasada. Não apenas para o trabalho, está atrasada para a vida, anos passaram enquanto ela sonhava. Seu corpo vivia a rotina dos dias insossos de trabalho, sua mente em outro lugar, sem subemprego, salário mínimo, privações, com alguém a seu lado, lindo, inteligente, bem sucedido. Novamente a realidade a esbofeteia, dessa vez com a água da chuva que cai sem aviso prévio. Chega ao ponto de ônibus com as roupas úmidas. Espremida, pela janela do ônibus vê o mundo passando, prédios frios, o tom cinza presente por toda cidade. Diferente do que sonhou pra si, sem conforto, sem luxo, cercada de gente, mas sozinha. Chega ao destino, entra na fila, bate o ponto, lá vai trocar horas da sua vida por trocados, para morar e dormir. Hora do almoço, comida fria, no telejornal imagens de um casamento, um príncipe e uma princesa, casamento real. Isso é sonho, real é a vida que leva. Junior Gros.

Comentários

johnny disse…
orra, ta cada vez melhor cara parabenss
Alicia disse…
tênue...bem tênue, né?
A vida que é pra ser levada não é a mesma da sonhada. pois é bom qdo misturamos tudo. belo texto! abraço!
Anônimo disse…
Putz, muito massa esse texto!!
Milene Lopes Dias,Sombrinha.
Gisele Rodrigues disse…
Gostei disso.. paradoxalmente sensível e lógico...parabéns!

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