Petit Pave
Abro
os olhos
e vejo
a luz que invade meu quarto através da janela. Levanto e sigo o roteiro de
sempre: banheiro, cozinha, mesa, café, banheiro, escovação, fio, colutório.
Elevador desce, vizinho desce. Hall, porteiro, rua.
Caminho
pela calçada, passo apressado, mesmo sem compromisso ou horário marcado. Ao
redor, a multidão e seus muitos rostos e histórias. Em frente às lojas, pessoas
admirando, cobiçando, sendo consumidas pelo desejo de consumir. Nos bancos, os
velhos sentados, virando e revirando páginas de suas histórias, saudosos,
melancólicos, como livros sobre a estante de uma biblioteca. Palhaços,
pastores, regenerados, em cada esquina alguém com alguma coisa para vender.
Canetas, chaveiros, musicas, adesivos, a salvação, bilhetes de loteria. Tudo a
preços populares, para ajudar ao próximo, para ajudar a eles mesmos.
O
calçadão parece um microcosmo, uma torre de babel, um grande mercado, talvez
tudo isso junto. Povoado de santos, pecadores, mendigos, doutores, gente que
vive, gente que sonha, gente que sobrevive, gente que luta, gente com
esperança. Mulher, homem, cachorro, velho, criança. Todos flutuando pelo chão
preto e branco, como peças em um tabuleiro.
Junior Gros.
Comentários
E não costumo ler pouco....
Texto solto, livre, intenso...
Gosto do teu modo de screver de ser-descrito.
Muito bom!
Vou demorar por aqui.
Beijo